Sempre me senti melhor com palavras
escritas do que com as propriamente ditas, há tempos mantenho um blog para
suprir essa minha necessidade inconstante de "falar" o que não pode
ser compreendido pela maioria. Disponho-me a escrever de tudo, no entanto,
quando me vi diante dessa proposta, a qual sugere que faça uma narrativa de mim
mesma pensando a questão da sexualidade, corpo e minha própria identidade,
confesso que fiquei com certo receio, mas em intensos devaneios sobre o que
escrever.
É bem verdade que
já refleti inúmeras vezes sobre estes assuntos, e sei exatamente o que dizer,
contudo, a atividade de se expor não é tão simples assim, até por se tratar de
assuntos complicados.
Desde muito
pequena ouço de todos que eu sou muito diferente, e questiono tudo o que é
imposto. Mas sempre me perguntei, "o que é ser diferente? O fato deu não
aceitar os padrões que a sociedade machista impõe? De querer mudar o que para
mim não está legal? De ir à luta por melhores condições, seja elas de qual
assunto for? Entre tantas outras coisas que me levam a ser rotulada como
"diferente". Até ai tudo bem, convivo muito bem com isso, o que me
intriga é exatamente ao contrário, e o ser "igual", como é? Todos
sabem e aceitam que ninguém é igual a ninguém, esbanjam isso para se defender
de insultos, mas quando veem um casal homossexual, travestis, negros,
etc., usam das piores palavras para critica-los. Por quê? Se todos são
diferente temos que aceitar cada um em sua peculiaridade, por mais diferente e
distante nos pareça. E isso sempre foi um dos maiores questionamentos na minha
vida, bato de frente mesmo.
Outro assunto que
sempre me foi imposto é essa ditadura do corpo, de que precisamos ser lindas,
magras e está sempre pronta pra tudo. Infelizmente me deixei fisgar por essa
ditadura, não me sinto bem com meu corpo, mas sou dona das minhas atitudes,
hoje acredito é importante fazer o que faz bem independente dos
outros, o corpo é meu e eu visto/faço o que achar melhor. Porém, estou em
eterno conflito com essas questões.
Quando se tratava
da sexualidade também via de forma diferente, sempre pensei a partir dos
conceitos Freudiano, o qual se baseia no envolvimento das pulsões, etc., o que
é muito complicado pensar assim numa sociedade onde banalizam o sexo de tal
forma que não se sabem o porquê e pra quê. Não "julgo" ninguém que o
faça pelo simples fervor da carne, no entanto, por que me julgam? Com o tempo
aprendi a me defender de todas as coisas que me incomodavam, hoje sou bem
resolvida e defendo com unhas e dentes o que acho "certo".
Enfim, a verdade é
que estou de passagem, mas não vim a passeio. Farei o que tiver que fazer,
lutarei pelo que tiver que lutar, ganhamos esses direitos, só nos resta exercê-los
e lutar por eles, doa a quem doer!
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