terça-feira, 9 de outubro de 2012

Constância

Sempre me senti melhor com palavras escritas do que com as propriamente ditas, há tempos mantenho um blog para suprir essa minha necessidade inconstante de "falar" o que não pode ser compreendido pela maioria. Disponho-me a escrever de tudo, no entanto, quando me vi diante dessa proposta, a qual sugere que faça uma narrativa de mim mesma pensando a questão da sexualidade, corpo e minha própria identidade, confesso que fiquei com certo receio, mas em intensos devaneios sobre o que escrever. 
É bem verdade que já refleti inúmeras vezes sobre estes assuntos, e sei exatamente o que dizer, contudo, a atividade de se expor não é tão simples assim, até por se tratar de assuntos complicados. 
Desde muito pequena ouço de todos que eu sou muito diferente, e questiono tudo o que é imposto. Mas sempre me perguntei, "o que é ser diferente? O fato deu não aceitar os padrões que a sociedade machista impõe? De querer mudar o que para mim não está legal? De ir à luta por melhores condições, seja elas de qual assunto for? Entre tantas outras coisas que me levam a ser rotulada como "diferente". Até ai tudo bem, convivo muito bem com isso, o que me intriga é exatamente ao contrário, e o ser "igual", como é? Todos sabem e aceitam que ninguém é igual a ninguém, esbanjam isso para se defender de insultos, mas quando veem um casal homossexual, travestis, negros, etc., usam das piores palavras para critica-los. Por quê? Se todos são diferente temos que aceitar cada um em sua peculiaridade, por mais diferente e distante nos pareça. E isso sempre foi um dos maiores questionamentos na minha vida, bato de frente mesmo. 
Outro assunto que sempre me foi imposto é essa ditadura do corpo, de que precisamos ser lindas, magras e está sempre pronta pra tudo. Infelizmente me deixei fisgar por essa ditadura, não me sinto bem com meu corpo, mas sou dona das minhas atitudes, hoje acredito é importante fazer o que faz bem independente dos outros, o corpo é meu e eu visto/faço o que achar melhor. Porém, estou em eterno conflito com essas questões. 
Quando se tratava da sexualidade também via de forma diferente, sempre pensei a partir dos conceitos Freudiano, o qual se baseia no envolvimento das pulsões, etc., o que é muito complicado pensar assim numa sociedade onde banalizam o sexo de tal forma que não se sabem o porquê e pra quê. Não "julgo" ninguém que o faça pelo simples fervor da carne, no entanto, por que me julgam? Com o tempo aprendi a me defender de todas as coisas que me incomodavam, hoje sou bem resolvida e defendo com unhas e dentes o que acho "certo". 
Enfim, a verdade é que estou de passagem, mas não vim a passeio. Farei o que tiver que fazer, lutarei pelo que tiver que lutar, ganhamos esses direitos, só nos resta exercê-los e lutar por eles, doa a quem doer! 

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